quinta-feira, 2 de outubro de 2014

'fluxo'

salivando pelas noites* vontade de não sei o quê* inominável insatisfação* abominável falta de rótulo* nenhum nome tem a escuridão que me invade* ninguém pode me salvar, nem eu* sigo em frente, por velhos caminhos que são cada vez mais antigos, sendo no entanto, novos* porque já sou outra que caminha pelas pedras, as pedras também já são outras* os olhos que veem nunca me viram antes* os olhos que veem sempre me viram em sonhos* sigo aqui* sigo aqui, mesmo que amanhã não siga mais* uma parte de mim sempre fica* e quando eu retornar, não reconhecerei a parte estagnada que ficou* a rejeitarei, direi que não me pertence, que nunca a vi* minha sombra marginalizada, rejeitada, humilhada* qualquer dia ela virá reinvindicar seu espaço...e tomará meu espírito, invadirá meus atos, tomará conta das direções* e me tornarei tudo o que rejeitei*

quinta-feira, 29 de maio de 2014

'terra'

a luz está fraca.* meus olhos estão fracos.* meu coração está fraco.* necessito comer terra para fortalecer o que está moribundo.* comendo a terra, não terei a necessidade de estar parada sobre ela, nem de escravizá-la.* nem, tampouco, ser sua escrava.* eu a ingerindo, me torno ela.* e ela, se torna eu. *

'barata'

choveu.* quando chove, saem as baratas dos bueiros e entram na casa.* tenho pena delas.tenho nojo delas. e não sei porquê tenho medo delas.* e as mato.* com pena,nojo e medo.* não me sinto tão distinta das baratas, afinal. *

sábado, 3 de maio de 2014

'troço'

hoje a escuridão chegou. me identifiquei com ela. relaxei e pensamentos me devoraram. quando saciados, me abandonaram. meu corpo ou minha alma ficaram em destroços. e cada troço com vida própria. minha voz aparente é o conjunto de todas as vozes, de todos os troços. des-troços. eu inteira,uma montoeira de troços com permissão para voar na escuridão, onde nada pode ser visto. pode apenas ser sentido. *

'sempre'

admito o fio da inspiração. admito a matéria que me forma. assumo a dificuldade em aceitar. e sumo para sempre ter que voltar. *

segunda-feira, 21 de abril de 2014

'água'

hoje observei uma gata tentando controlar a água que vinha pela torneira com sua pata, e depois tendo de se adaptar à essa mesma àgua, se dando conta que, se não o fizesse, permaneceria com sede. e então percebi: a água é como o sentimento. não há controle. é preciso se adaptar ao sentimento, caso contrário, morre-se de sede... *

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

''hoje''

tua pele fria não recebe carinho* minha pele quente se queima sozinha* hoje acordo com os olhos colados, pois houveram lágrimas na madrugada* o sangue do corpo escorre calado* quem se importa?*