sexta-feira, 23 de março de 2018

'sonho'

sonhei
ritinha tirava as cartas do tarot pra mim. ela entrou numa sala e fechou a porta.
saiu chorando, dizendo que viu separação e que eu devia ser forte.
eu perguntei:'- posso ver as cartas?'
ela disse que não.
saímos andando eu, ela e ariel, passeando...e eu...pensando nas cartas...encafifada...não sofria...refletia.

domingo, 18 de março de 2018

'reflexo'

oráculos
nem sempre errados
nem sempre certos
errantes
pelos caminhos acertantes
tentantes
tentando...
a brincadeira se foi
cada oráculo via por um olho distinto
e ainda havia uma terceira opinião que não foi escutada
as cartas de tarot
estavam ali
imersas na névoa
no que envolve de sonhos e alucinações as ideias
ideias se perderam
tantos caminhos dispersos
mãos que se soltam
cada corpo e alma vão pra onde precisam ir
mesmo que não saibam ou não queiram saber do que precisam
precisar de algo
ou querer algo
o querer
tem muitas faces
e disfarces
nos ocultamos nas sombras
e espiamos de longe a luz que vai se apagando...
*

sábado, 20 de janeiro de 2018

'caminhadura'

notei
que

não
tenho
mais
tanta
certeza
ou
tanta
pressa
ou
tanta
crença
ou
tanta
paranóia
ou
tanta
insconsciência.
notei
que
a
pele
trocou
o
sangue
mudou
o
curso
as
funções
do
corpo
fizeram
outro
corpo.
notei
que
não
me
reconheço.
tento
conhecer
quem
pode
ser
esse
ser
que
vejo
num
espelho
inventado.

domingo, 17 de setembro de 2017

'ca(u)samento'

ca(u)se
comigo.

'névoa'

lembrando
lembro e ando
desando
tento
tento e ando
desatenta
perdida
me acho nos sonhos
acordo
durmo
e o sonho persiste
o sonho enevoado
tua face aparece
provoca
dá ânsia
traz o gosto de suor, saliva, lágrima
traz ruído e silêncio
uma pausa
traz odores, toques, escuridão
dia raiando
acordo dentro do sonho
caminho na névoa
faz frio e nada se vê
busco a sensação efêmera de calor
teu calor
agora faz parte do meu
desando
paro
reflito
caminho acordada
sonhando
sentindo
ressentindo
desistindo
indo

'indigência'

vejo ele
dorme nas calçadas
beija seus cães na boca com paixão
faz malabares com pedras não polidas
em cima das costas de um parceiro ocasional
depois pede colaboração no gorro de lã
dos espectadores enlatados e envidraçados
que assistem sentados nos seus caros motores
consegue por vezes comidas e bebidas
por caridade
na porta do pegue e pague
de alguma avenida da grande pequena cidade
nada acolhedora para a marginalidade
de um ser que existe
sem existir