sábado, 29 de outubro de 2016

do cheiro

quisera eu que me aceitasses
 que mesmo suado, cansado, cheirando mal,
 me amasses aceitasse minha falta de energia,
 meu mal humor
meus humores doentes,
 meu silêncio ruidoso eu que silencioso,
 te escuto, e em silêncio tricoto meus preconceitos e julgamentos a teu respeito
mas apesar e acima de tudo, desejaria teu amor
que não me julgasses pela presença mediana
pelo carinho mediano
pelo homem mediano que te chama na noite fria
esse homem sou eu
quisera que me aceitasses
não se importasse com minha alma pornográfica
com minha mente de macho que se pensa dominante
que te esquecesses de quem és e me seguisse me obedecesse
quisera eu ser dono do teu corpo, da tua alma, de tuas ideias
mas não consegui
então choro rios de dor
a dor de não poder ter o que quero
como um menino homem mediano me retiro
 engulo as lágrimas
sou homem
preciso ser forte
 mesmo que por dentro esteja em pedaços
por não poder te dominar
* (em memória de alguém que se vai)

sábado, 1 de outubro de 2016

madrugada

espero o chá esfriar se não espero, meus dentes doem com o calor penso em não pensar em falar menos sentir mais não ter expectativas para fluir nas experiências e aceitar o imprevisto porque o imprevisto pode ser mais interessante que o pré- visto algo diferenciado outra música que nunca ouvi melodia distinta do que estou acostumada... por que não? cheiros, toques que ainda não tive acesso ampliar o campo de minhas percepções bebo o chá morno quero sonhar depois sonhar e entender, lembrar o que sonhei, quando acordar sem expectativas, mas com intenções, com alguns desejos tento deixar livre o caminho aceitar o processo derreter o excesso de energia mental emanar minha música mais profunda ressoar atrair o que faz bem bem-estar bem-ser bem